Quando o marido assumiu a presidência da associação comercial de São Paulo, Ana Claudia Badra Cotait recebeu a proposta de ficar à frente do conselho da mulher da federação, que já existia desde 1995. Ainda assim, o conselho, na época, era muito assistencialista e focado em ações sociais.
Ex-servidora pública do Senado Federal, Ana Claudia assumiu a gestão com um pensamento diferente. “Meu trabalho inicial foi transformar esse conselho, focando no empreendedorismo e na mentalidade empreendedora da mulher”, conta.
Foi assim que nasceu o Conselho da Mulher Empreendedora e da Cultura (CMEC) da Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo). Hoje, a instituição, através de parcerias, oferece linhas de crédito especiais, plataformas de e-commerce, cursos de qualificação e eventos que promovem o networking entre empresárias.
“A mulher, ao longo da história, sempre foi empreendedora. Durante a guerra, os homens iam para o campo de batalha, e as mulheres ficavam em casa, trabalhando e empreendendo. O que queremos fazer é resgatar esse lado da mulher”, conta a presidente.
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Qualificação e crédito
Para Ana Claudia, a mulher empreendedora precisa de dois fatores: qualificação e crédito. “A mulher ainda não se preocupa com a gestão do próprio negócio”, conta Ana Claudia. Segundo ela, as ideias e a execução passam por mãos femininas, mas a gestão, fica, muitas vezes, na mão dos homens, seja um pai, um marido ou filho.
Por isso, ela acredita na força da capacitação e da qualificação das mulheres para mudar essa realidade. “É necessário qualificar essa mulher no que ela ama fazer. É simples. Se você trabalha com o que não gosta, as chances de não dar certo são maiores”
E isso se torna ainda mais necessário com a alta do desemprego, que atinge 6,5 milhões de mulheres. Além disso, a taxa de desocupação das mulheres é 54,4% maior do que a registrada entre os homens. “No mundo que vivemos hoje, híbrido após a pandemia de covid-19, é muito importante estar no meio digital”, aponta.
Andando ao lado da qualificação e da formação está a linha de crédito. Segundo a presidente da CMEC, a educação financeira e empreendedora é importante nesse sentido. “As pessoas precisam entender e aprender o que fazer e como lidar com o crédito que recebem”, explica.
Ainda, para Ana Claudia, a mulher precisa saber se impor no empreendedorismo, e a falta disso está muito ligada à autoestima, que ainda é baixa entre o público feminino. Um estudo do Instituto Kantar, do Ibope, aponta que 20% das mulheres sofrem com baixa autoestima. Segundo Ana, esse fator, juntamente do machismo, ainda muito arraigado nos negócios e na sociedade, afastam a mulher do empreendedorismo.
“Nós precisamos unir forças, públicas e privadas, para mostrar a capacidade da mulher, desenvolver a mentalidade empreendedora. Precisamos conscientizar essa mulher, que ela é capaz, mas isso é um trabalho de longo prazo”, aponta.
Um dos propósitos recentes da associação é alcançar as famílias nas periferias. Ana Claudia aponta que ali está um importante núcleo empreendedor, uma vez que muitas mulheres empreendem, mas ainda não delimitam a gestão dos negócios para outros. “Elas precisam se formalizar e se qualificar. Precisam gerir o próprio empreendimento. É assim que alcançamos a liberdade financeira”, finaliza.
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