Existem diversos tipos de relações ecológicas na natureza. Uma delas é o mutualismo, quando os dois organismos envolvidos se beneficiam da interação. Um exemplo são os pássaros e os búfalos. Cheios de carrapatos, esses enormes mamíferos tiram proveito da presença das aves, que se alimentam dos pequenos aracnídeos. Proporções à parte, é essa a relação entre segurança psicológica (SP) e inteligência emocional (IE): elas vivem uma sem a outra, mas a união das duas forma uma parceria e tanto.
Se a IE existe para aprimorar um indivíduo na relação com suas emoções, a SP trabalha o espaço onde os relacionamentos acontecem. É o que explica a psicóloga especialista em DHO (Desenvolvimento Humano e Organizacional) Cynara Bastos. “A segurança psicológica é uma condição do ambiente muito importante para construir relações maduras. Esse espaço de troca faz com que as pessoas tenham coragem para expressar suas ideias e falar sobre seus erros”.
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Segundo a especialista, a IE não é uma condição essencial para que um espaço seja seguro psicologicamente, mas é um diferencial importante. “Ainda assim, uma pessoa que sabe lidar com suas emoções e sentimentos, que possui a IE desenvolvida, pode se sentir inibida por conta de um espaço sem segurança psicológica e acabar deixando de mostrar tudo que pode e sabe”, conta.
Para ela, os pressupostos para a SP existir são a cultura do ouvir, a confiança e um ambiente onde é possível compartilhar ideias, opiniões e críticas. “Nele, o erro pode acontecer e será solucionado em grupo. As pessoas confiam umas nas outras. Elas se sentem à vontade para ser quem são.”
O trabalho, a mulher e a segurança psicológica
Principalmente no ambiente de trabalho, a segurança psicológica é cada vez mais essencial. Até o Google concorda. Em uma pesquisa realizada internamente na empresa, constatou-se que a SP era a característica mais evidente dos grupos com melhores desempenhos.
Para Cynara, isso acontece porque os profissionais se sentem mais à vontade para expressar suas ideias e opiniões num espaço onde podem ser ouvidos e têm valor. A consequência disso são resultados melhores. “O que se percebe quando falamos em humanização das empresas é que essa proposta, de desenvolvimento da SP, vem sendo a solução para que as pessoas trabalhem com mais confiança”, explica.
Outro fator importante é que a segurança psicológica no espaço de trabalho permite uma melhor comunicação entre os times e entre os funcionários. Cynara explica que a possibilidade de argumentar com superiores e a abertura para falar sobre os problemas e erros da empresa são características de um ambiente seguro psicologicamente.
Mas a SP não resulta apenas em números expressivos para os negócios. “Tanto a segurança psicológica quanto a inteligência emocional permitem extrair o melhor de cada um em diversos âmbitos da vida”, explica Cynara.
E, no caso das mulheres, há ainda um outro ponto: a falta de autoconfiança ao entrar no mercado de trabalho, fator que pode estar relacionado à síndrome do impostor.
“A mulher tem que ralar muito mais do que o homem para conseguir seu espaço profissional. Quando ela consegue, começa a se questionar se é boa o suficiente para aquela posição e passa a se desmerecer. As mulheres não podem desistir dos desafios que as cercam no espaço de trabalho, e isso só é possível quando elas acreditam no próprio potencial e são autoconfiantes. Esse é um dos aspectos da inteligência emocional.”
Por isso, um espaço de trabalho seguro do ponto de vista psicológico e funcionários inteligentes emocionalmente são tendências que se apresentam com cada vez mais força no mercado corporativo. Pessoas com coragem de correr riscos interpessoais e de expor e discutir ideias e projetos, segundo Cynara, fazem os ambientes mais seguros e, portanto, mais ricos.
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