8 escritoras brasileiras para colocar a leitura em dia

Traduzidas para mais de 13 idiomas, elas foram responsáveis por retratar o universo feminino no país
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Clarice Lispector é um dos maiores nomes da literatura brasileira (Foto: Divulgação)

Ao longo dos séculos, a literatura brasileira produzida por mulheres acabou ficando em segundo plano. O acesso tardio à educação e à participação na vida intelectual do país se acabou se opondo ao desenvolvimento artístico das escritoras nascidas por aqui. A primeira obra de autoria feminina do país, “Úrsula”, de Maria Firmina dos Reis, chegou às livrarias em 1859, quase 50 anos depois da publicação do primeiro livro do Brasil, “Marília de Dirceu”, de Tomás Antônio Gonzaga. 

Até 1976, elas também não eram aceitas na Academia Brasileira de Letras. A entidade, criada em 1897, contava com uma cláusula que, até então, restringia a eleição aos “brasileiros do sexo masculino”. Hoje, 45 anos depois, dos 40 imortais eleitos, apenas três são mulheres: Ana Maria Machado, Cleonice Berardinelli e Rosiska Darcy de Oliveira. 

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Contra as estatísticas, algumas das autoras nacionais conseguiram bem mais do que apenas firmar o seu nome na história. Elas foram responsáveis por abrir as portas para as novas gerações de escritoras e por levar a produção brasileira a outros continentes. Entre Clarices e Carolinas, o universo feminino também passou a ser tema central de livros e peça essencial da nossa cultura. 

Em comemoração ao Dia Nacional do Livro, celebrado ontem (29), listamos a seguir oito autoras de destaque na história da literatura brasileira:

Cora Coralina (1889 – 1985)

Cora Coralina publicou o primeiro livro aos 76 anos de idade (Foto: Divulgação)

Nascida em Goiás, Cora Coralina é o pseudônimo de Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas. Apesar de escrever versos desde a adolescência, a autora publicou o primeiro livro aos 76 anos de idade, em 1965. A obra, “O Poema dos Becos de Goiás e Estórias Mais”, foi elogiada por Carlos Drummond de Andrade, atraindo a atenção do público e dos críticos. Nos anos seguintes, a poetisa lançou “Meu Livro de Cordel” e “Vintém de Cobre: Meias Confissões de Aninha”, pelo qual recebeu o Prêmio Juca Pato da União Brasileira dos Escritores, em 1983. Um ano antes de sua morte, Cora tomou posse da cadeira número 38  da Academia Goiânia de Letras. 

Cecília Meireles (1901 – 1964)

Cecília Meireles teve mais de 50 títulos publicados (Foto: Divulgação)

Considerada pelos pesquisadores a primeira escritora a obter destaque no país, Cecília Meireles foi professora, jornalista, pintora e poetisa. Quando criança, chegou a receber de Olavo Bilac uma medalha de ouro pela distinção na Escola Estácio de Sá. Com mais de 50 títulos publicados, a autora mineira contribuiu com poemas, contos, crônicas e histórias infantis. Seu livro mais famoso, “Romanceiro da Inconfidência”, conta a história de Minas Gerais desde os primórdios da colonização até a Inconfidência Mineira. Ao longo da trajetória, abordou temas como espiritualidade, solidão, amor e a transitoriedade da vida. 

Rachel de Queiroz (1910 – 2003)

Rachel de Queiroz é a autora de “Os Quinze” (Foto: Acervo IMS/Divulgação)

Primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras e a receber o Prêmio Camões, um dos mais importantes da língua portuguesa, Rachel de Queiroz era prima do romancista José de Alencar. A cearense iniciou sua carreira de escritora em 1927, ao enviar uma carta ironizando um concurso de beleza para o jornal “O Ceará”. A partir dali, passou a contribuir de maneira recorrente com o veículo, tornando-se jornalista por ofício. Sua obra mais famosa, “Os Quinze”, descreve a luta pela sobrevivência em meio à seca e à miséria do sertão. O livro arrancou elogios dos também escritores Mário de Andrade e Augusto Schmidt, rendendo à escritora o prêmio Graça Aranha de Literatura. 

Carolina Maria de Jesus (1914 – 1977)

Carolina Maria de Jesus trabalhou como empregada doméstica até chamar a atenção de jornais (Foto: UFRJ/Divulgação)

Neta de escravos e filha de uma lavadeira analfabeta, Carolina Maria de Jesus é um dos principais nomes da literatura negra brasileira. Frequentou a escola com o apoio de uma das freguesas da mãe e, em 1930, mudou-se para São Paulo. Na capital, passou a viver na periferia e a trabalhar como empregada doméstica e catadora de papel. Apaixonada pelas palavras, guardava as revistas que encontrava na rua para ler depois. Carolina chamou a atenção dos editores pela primeira vez quando enviou um poema que escreveu em louvor a Getúlio Vargas para o jornal “Folha da Manhã”, em 1941. A partir de então, passou a publicar seus textos em diversos veículos de comunicação até escrever sua principal obra, “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”. Estima-se que o best-seller já tenha vendido 1 milhão de unidades desde o lançamento, sendo traduzido para 13 idiomas. 

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Clarice Lispector (1920 – 1977)

Clarice fez parte do moderismo brasileiro (Foto: Divulgação)

Apesar de ter nascido em uma pequena aldeia na Ucrânia, Clarice Lispector se declarava pernambucana. A autora foi uma das maiores expressões do modernismo e da literatura brasileira do século 20, além da maior escritora judia desde Franz Kafka. Foi reconhecida por retratar as faces psicológicas e intimistas do universo feminino em suas obras mais famosas, como “A Hora da Estrela”, “Laços de Família” e “A Paixão Segundo GH”. Escreveu romances, contos e ensaios, e recebeu a Ordem do Mérito Cultural (OMC) por sua contribuição artística. 

Lygia Fagundes Telles (1923 -)

Lygia Fagundes Telles publicou o seu primeiro livro aos 15 anos (Foto: Divulgação)

Aos 15 anos, Lygia Fagundes Telles publicou o seu primeiro livro, “Porão e Sobrado”. Oito décadas depois, já são 24 obras autorais e mais de 50 colaborações para teatro, televisão, traduções, coletâneas e antologias. Suas obras “As Meninas”, “A Disciplina do Amor” e “Verão no Aquário” renderam três prêmios Jabuti, o mais tradicional da literatura brasileira. Reconhecida pelos contos e romances engajados, a autora foi referência do movimento pós-modernista de seu tempo. Atualmente, é membro da Academia Paulista de Letras, da Academia Brasileira de Letras e da Academia de Ciências de Lisboa.

Conceição Evaristo (1946 -)

Conceição Evaristo é uma das expressões da literatura negra (Foto: Wikipedia Commons)

Maria da Conceição Evaristo de Brito começou a trabalhar aos oito anos como empregada doméstica. A profissão a acompanhou até a juventude, quando ela se mudou para o Rio de Janeiro para cursar letras. Mais tarde, concluiu um mestrado sobre literatura negra, tema explorado em quase toda sua obra, assim como o racismo e a desigualdade social. Seu livro mais famoso, “Olhos d’Água”, foi traduzido para o francês e condecorado com o Prêmio de Obra Poética da Academia Claudine de Tencin. Ao longo da carreira, Conceição também se dedicou à educação, tornando-se professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Há três anos se candidatou para ocupar a vaga de Castro Alves na Academia Brasileira de Letras, mas obteve apenas um voto. 

Martha Medeiros (1961 -)

Martha Medeiros é cronista, jornalista e escritora (Foto: Divulgação)

Martha Medeiros é uma das principais cronistas da história do Brasil. Iniciou sua carreira como comunicadora em uma agência de publicidade, mas logo passou a conciliar o trabalho com a redação de poesias. Em 1985, publicou “Strip Tease”, sua porta de entrada para grandes editoras como a L&PM, por onde publicaria “Meia Noite e Um Quarto” (1987) e “Persona Non Grata” (1991). Na década seguinte, passou a explorar o universo das crônicas, pelo qual é reconhecida pelos grandes jornais e revistas do mercado até hoje. Seus livros foram traduzidos para cinco idiomas, ultrapassando a marca de 1 milhão de exemplares vendidos.

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