A importância do diálogo pré-nupcial para um relacionamento mais próspero

Casais que não conversam evitam desgastes no início do relacionamento, mas trazem problemas para o futuro, afirma especialista
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É natural que você esteja animada e feliz ao se relacionar com alguém e, por isso, evite certos assuntos, pois acredita que problemas comuns não vão acontecer com você. Afinal, você está certa da sua nova escolha, e porque não quer se desgastar ali, antecipando temas, nesse momento tão mágico. 

Porém, assim como o tempo passa e a vida vai se transformando, você e o seu parceiro ou parceira, também mudam, amadurecem, trocam de opinião, de vontades, sonhos e desejos, e é aí que normalmente as diferenças começam a aparecer. 

Há também os desafios da rotina a dois, que com o tempo podem trazer problemas, incômodos e as discussões mais intensas. 

Por isso, nesse artigo, vamos conversar com uma especialista no assunto e revelar para você a importância de incluir o diálogo, seja lá qual for o tema, para dentro da sua relação desde o começo. O combinado não sai caro e vamos provar isso para você. 

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O que são conversas pré-nupciais? 

Talvez você ainda esteja no começo de um namoro e nem esteja pensando em casamento. Ou está completamente apaixonada e contando os dias para essa data especial. Ou quem sabe ainda, já em uma relação bem definida, dividindo a rotina, mas em dúvida de como organizar melhor os acordos dessa convivência. 

A verdade é que o diálogo deverá estar presente sempre. Do início ao – possível – fim de todo relacionamento amoroso. Porém, ele se torna ainda mais importante quando você ainda está firmando esse combinado de ficar juntos, quem sabe, para sempre. 

Para a advogada familiar Ana Paula Silva, 41 anos, de Belém/PA, o diálogo é a ferramenta que alinha as expectativas, e os acordos e documentos para organização desses pactos são os objetos para a proteção individual de cada um, além de uma maneira de evitar desconfortos mais à frente. 

“É importante delimitar os traços da relação logo no começo, para não se criar falsas expectativas e não deixar as coisas mal ditas ou subentendidas.”, afirma. 

Ela nos explica que o pacto antenupcial ou pré-nupcial, significa um combinado de vontades e desejos daquele casal, antes do casamento. “É feito a partir de um documento que é levado a um cartório para fazer um registro como escritura pública, e que vale para vincular não só o regime de bens que o casal vai ter, que inclui a divisão do que eles já possuem e aquilo que irão adquirir já em matrimônio, caso haja uma separação, como também a disposição do funcionamento e quais as obrigações de cada cônjuge.”, explica.

Ana Paula nos conta que estamos vivenciando sim uma contratualização das relações, em termos monetários e existenciais, sendo esse último algo pouco convencional no conhecimento público. 

“No pacto você pode incluir, por exemplo, quem será responsável por qual obrigação financeira, as divisões de serviços domésticos, e até casos particulares, como quando um dos cônjuges possui uma obrigação financeira com uma terceira pessoa e que terá que manter esse compromisso mesmo em uma relação amorosa, como ajudar financeiramente um familiar que precisa.Tudo que não for conduta caracterizada como proibido pela Lei, pode estar firmada neste acordo.”, afirma.  

Ou seja, muito além de estabelecer uma conversa pura e simples com o seu par, você pode registrar essas resoluções a fim de garantir uma proteção e agilidade na solução de problemas, que pode ser necessária em um futuro próximo ou não. 

Tabu: por que é tão difícil falar sobre acordos pré-nupciais

Muitas pessoas têm dificuldade de colocar essas conversas em prática ao começar uma relação. Algumas entendem que deve haver o momento certo para trazer determinados temas e outras acabam deixando de lado, pois não querem passar uma má impressão. 

Por outro lado, há mulheres como a Ana Paula que, pessoalmente, não enxergam isso dessa forma e, para ela, esses temas não são tabus. “Apesar de conhecer pessoas nessa situação limitante, para mim é pré-requisito para estabelecer uma relação familiar, no sentido conjugal, mesmo que seja apenas para uma união estável. Assim você não fica em um relacionamento aparentemente confortável”, afirma. 

Nesse sentido, a especialista dá uma dica de ouro: “É um assunto desagradável que a gente não gosta de falar, mas podemos pensar em uma conversa como objetivos em conjunto, como família. Colocar o parceiro para pensar junto quais as metas e os objetivos, o que vamos fazer para atingir isso, quanto tempo vamos precisar para conquistar o tal sonho, a viagem, a reforma da casa, etc.”.

Essa parceria, inclusive na forma de estabelecer o diálogo, pode fazer a diferença para você vencer essa questão. Além disso, o conhecimento a respeito das formas legais de contratualizar esses acordos, podem fazer a diferença na condução do relacionamento ao longo do tempo. 

É muito difícil fazer acordos pré-nupciais?

“A gente precisa popularizar mais os pactos antenupciais. Não custa caro, apenas uma consulta com o advogado, que irá ouvir as partes envolvidas e entender quais são os termos importantes para registrar em documento, afinal, cada acordo nesse sentido é feito de maneira personalizada, o valor da redação do documento e do registro no cartório.”, explica Ana Paula.  

Ou seja, você não precisa se sentir perdida ou sozinha em uma situação como essa. Um profissional poderá ajudar o casal a resolver todos os detalhes do acordo, como o que pode ou não entrar no documento, além de concretizar o registro. 

Desigualdades entre gêneros 

Ainda sobre o tema seria impossível não trazer neste artigo a desigualdade de responsabilidades, afetivas e financeiras, que vemos em nossa sociedade, entre homens e mulheres. Afinal, historicamente somos patriarcais e a maioria das relações são construídas com base neste formato.

As mulheres avançam em um sentido mais positivo, revelando alto grau de instrução e de capacidade profissional, porém ainda com menos oportunidades, e com o protagonismo nas tarefas domésticas e familiares. 

E, mesmo que isso não pareça ter a ver com o seu relacionamento hoje, um dia isso pode se aproximar de você. 

Em nossa conversa, Ana Paula listou algumas situações de mulheres que porventura estão em uma situação mais desprotegida financeiramente, e o quanto isso pode ser custoso em um relacionamento a dois, antes, durante e depois. 

No entanto, ela mesmo traz o seu relato pessoal de como, nós mulheres, podemos virar esse jogo e ter mais iniciativa. 

“Eu vivia uma experiência de independência financeira, mas ao me tornar mãe entendi que precisava me organizar melhor, afinal, aquela vida dependeria também de mim por um longo tempo. Então, corri atrás de entender sobre educação financeira. Eu estudei, me informei, abri contas de investimentos, apliquei, etc. Deu trabalho, levou tempo, mas eu aprendi.”

“Essa iniciativa naquele momento, foi importante inclusive para o que acabou acontecendo depois. Decidi me divorciar do meu marido e a minha estabilidade me permitiu tomar essa decisão naquele momento. Não prolonguei o relacionamento que não ia mais funcionar, por alguma dependência. Acredito que essa atitude pode e deve partir da gente, para a gente.”, finaliza.  

Dicas de quais conversas pré-nupciais você precisa ter

Cada casal possui uma forma de pensar, e reagir às situações e consequências da vida a dois, isso é um fato. Mas há assuntos mais gerais que podem ajudá-la a começar a guiar as suas conversas, acompanhe: 

Divisão de despesas

Não poderíamos começar com outro tema, afinal, esse deve ser o maior tabu do diálogo pré-nupcial. Mas, é muito importante, que vocês definam como vão dividir as contas e como vão se relacionar com os ganhos, afinal, o dinheiro dos dois será em conjunto a renda total da casa ou cada um irá administrar o seu próprio rendimento? 

Planos futuros

Como já destacamos aqui, falar sobre o futuro também é importante, e abre perspectivas de desejos e sonhos que podem ser distintos, gerando um desconforto. 

Inclua na conversa coisas que são importantes para você, como por exemplo, comprar ou não um imóvel, fazer uma viagem internacional ou não por ano, entre outros. E avalie o que pode ser feito em conjunto e como irão fazer. 

Filhos

Falando em futuro, incluir a discussão sobre filhos também é importante, seja para definir se há planos e vontades em relação a isso ou não.  

Além disso, entender como seria essa dinâmica de cuidado e responsabilidades, mesmo que de maneira antecipada, também pode ser bom para o diálogo. 

Fidelidade

Há muitas construções de relacionamentos permitidas, apesar da monogamia ser a forma mais socialmente aceita e praticada. Porém, esse é outro item do diálogo que deve ser aberto, afinal, o quanto isso é importante para a manutenção do relacionamento para você? 

Religião

A liberdade e respeito às diferenças crenças é importante, mas você já avaliou isso lado a lado com o seu par? Será que há limites dentro desses aspectos que podem ser impactantes para vocês no futuro? 

Carreira 

O diálogo sobre carreira, realização pessoal e, consequentemente, independência financeira é difícil até mesmo de pautar com a gente mesmo. Porém, é muito importante que você crie essa rota, trace metas, ganhe conhecimento e faça planos. 

Esse quesito é fundamental até para sermos felizes com nós mesmos, com as nossas conquistas e tenhamos orgulho de sermos quem somos. Além disso, compartilhar com o seu par vai ajudá-la a ter apoio emocional e entender melhor como vocês juntos podem torcer e vibrar um pelo outro.

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