Como as empresas podem lidar com profissionais descontentes e ressentidos? Aprenda como reverter

Como as empresas podem lidar com profissionais descontentes e ressentidos? Aprenda como reverter
JOB_03_REDES_SOCIAIS_EQL_AVATARES_QUADRADOS_PERFIL_v1-02

Se você fizer agora uma busca nos sites de pesquisa na internet sobre trabalhadores insatisfeitos e ressentidos com o trabalho, você vai encontrar várias manchetes dissertando sobre o tema e trazendo dados comprobatórios de que é uma realidade.

Partindo desse princípio de que é algo mais comum do que se imagina ou se percebe, mesmo com o mercado passando por incertezas grandes, preparamos neste artigo uma série de informações e recomendações para você que sente a vontade de mudar esse cenário e fazer uma transformação positiva no ambiente corporativo. 

Analiticamente descontentes 

Em novembro de 2022 a empresa de bem-estar corporativo, Gympass, lançou um estudo realizado com mais de 2.000 líderes de Recursos Humanos, em oito países, além do Brasil, que fala sobre o ROI (sigla em inglês para Retorno Sobre o Investimento) do bem-estar.

É uma espécie de panorama que mostra que o comportamento dos colaboradores passou a exigir novas necessidades, como apoio das companhias para terem oportunidade de cuidados com a saúde física e mental, por exemplo, e que o não cumprimento ou adaptação dessas empresas a esse novo perfil, pode provocar uma verdadeira crise de bem-estar e, consequentemente, diferentes reflexos negativos nos resultados dos negócios. 

LEIA MAIS:

Ou seja, uma empresa que compreendeu que não é possível dissociar o contentamento dos colaboradores aos seus resultados e metas, terá mais sucesso do que outras que ainda não conseguem validar essa noção por esse prisma.  

Vamos aos números especificamente do Brasil na pesquisa para sustentar melhor essa ideia: 

  • 97% das empresas veem resultados positivos ao mensurar o ROI dos programas de bem-estar implementados internamente e afirmam que a satisfação de um colaborador com a companhia está diretamente ligada a esse investimento;
  • 89% acreditam que benefícios ligados ao bem-estar fazem a diferença na hora de contratar um novo talento, enquanto 86% afirmam que os mesmos benefícios ajudam a reter talentos;
  • 82% das empresas têm a percepção de que investir em iniciativas de bem-estar reduzem custos com plano de saúde, e 88% afirmam que são importantes para evitar faltas no trabalho por razões médicas. 

A pesquisa também ouviu C-Level (pessoas que ocupam cargos de liderança altos nas empresas) e quase que a totalidade (97%) afirmam ver valor e defendem as iniciativas referentes ao bem-estar de colaboradores, com 90% destacando que ajuda a reduzir custos e 85% consideram vantagem competitiva para a marca no mercado.  

E o que está errado no mercado?   

Analisando os dados parece que a receita para o sucesso com a satisfação dos colaboradores é fácil, só implementar programas de bem-estar e repetir fórmulas de sucesso por aí, certo? 

Claro que não é tão simples assim, em especial, porque agora estamos vivenciando equipes multigeracionais, ou seja, de diferentes perfis, idades, ideologias e objetivos, que exigem um certo cuidado para não generalizar de mais ou de menos. 

Para esclarecer melhor esse movimento todo do mercado, conversamos com a Lien Mendes, 43 anos, Consultora de Desenvolvimento Humano e Organizacional, acompanhe: 

Quais as principais causas de descontentamento e ressentimento entre colaboradores em uma empresa?  

“São várias as causas, entre as principais temos: 

  1. Falta de flexibilidade e autonomia. Em especial depois da pandemia, as pessoas estão buscando novos modelos de trabalho, que as deixem mais livres para compor os seus horários ou de onde vão trabalhar. Então, as empresas que não estão conseguindo se adaptar a esse novo contexto estão vendo os seus colaboradores mais descontentes e desmotivados;
  1. Sobrecarga de trabalho. Hoje muito se fala em equilíbrio entre a vida corporativa e pessoal, e isso significa que quando o colaborador se sente sobrecarregado, seja por viver sempre com prazos apertados, muita pressão ou dividindo as tarefas entre uma equipe enxuta, isso afeta a sua própria sensação em conseguir “dar conta de tudo”. 
  2. Problemas com a liderança. Já é de conhecimento geral que 80% das pessoas pedem demissão em razão de um descontentamento com a sua liderança direta, e não por motivos genéricos da empresa ou do cargo em si. Então, quando temos uma liderança que não está preparada para lidar em um contexto de mudança crescente, que é algo presente nesse mundo BANI (Brittle, Anxious, Non-linear, Incomprehensible; em português, frágil, ansioso, não linear e incompreensível) e com uma equipe multi-geracional, esses problemas ficam ainda mais evidentes.
  3. Outros fatores. Por fim, eu cito: falta de reconhecimento ou de perspectiva de crescimento, e desalinhamento cultural, que afasta completamente o colaborador do propósito comum da empresa.”

Como as empresas podem reverter essas situações? 

A especialista nos explica que o primeiro aspecto é a empresa compreender que ela só existe porque quem as faz são as pessoas. Então, torna-se fundamental o processo de desenvolver uma escuta ativa, para entender e ouvir as necessidades daqueles colaboradores, e, assim, construir soluções que atendam a essas questões. 

“A gente só saberá onde estão os problemas se houver essa escuta qualificada. É preciso trabalhar essa comunicação e trazer os colaboradores para perto. Por exemplo, se o que está tensionando é a falta de flexibilidade, a companhia consegue buscar soluções legais para resolver a questão da carga horária ou de adotar uma nova tecnologia que permita o trabalho híbrido.”, explica Lien. 

Um outro passo importante é capacitar e sensibilizar a sua liderança, pois são esses membros que representam a cultura organizacional na ponta. 

“O contato mais relevante que a pessoa tem com a empresa está representado na figura desse líder. Para isso precisamos de uma liderança inclusiva, que é uma liderança presente, que se conecta a empresa, com a cultura, que engaja a equipe com esses valores, e traz esse senso de propósito e significado. É um líder, em especial, ouvinte.”, completa. 

Além disso, Lien reforça que as empresas não podem descuidar de promover programas que se adequem a essas necessidades mapeadas. 

Como evitar chegar na situação de ter colaboradores desmotivados? 

“O principal é criar um ambiente psicologicamente seguro, em que as pessoas sintam-se à vontade para traduzir o que pensam, sentem, darem sugestões e levantar preocupações, sem se sentirem culpadas, hostilizadas ou perseguidas. A cultura do silêncio é perigosa. E novamente voltamos a ideia de uma boa comunicação entre todos os envolvidos”, reforça.  

Nem tudo são flores, mas você pode regar desde o início

Como uma dica final e não menos importante, você pode desconstruir essa crise no bem-estar da sua empresa, cuidando dela desde a porta de entrada. E nesse quesito não estamos falando apenas da imagem que ela se apresenta para o mercado, mas também da essência dela e como isso é percebido no geral. 

Isso pode acontecer de algumas formas, que incluem desde o processo de recrutamento e seleção, ou seja, na contratação de novos colaboradores. 

“O processo seletivo impacta muito na atração e também na retenção dos talentos. Quando conseguimos trabalhar a questão de marca empregadora (ou em inglês Employer Branding como é popularmente conhecido), geramos desejos nas pessoas de fazerem parte daquele grupo, cria-se um valor em torno dela e aumenta o engajamento de quem já está lá dentro.”, afirma Lien. 

“Isso, claro, sem deixar de lado os que na empresa já estão,  o que apontamos anteriormente aqui. Uma liderança próxima e com escuta ativa, praticar a cultura da inclusão, a criação de um significado para o trabalho e o quanto a empresa possibilita o crescimento dos colaboradores. Isso precisa ser real e positivo”, completa. 

A especialista ainda alerta que esse processo seletivo não é mais como era no passado. Hoje olhamos não apenas as qualidades técnicas de um candidato, como também as suas habilidades sociais e o seu “fit” com a cultura que a empresa emprega – fit cultural: capacidade de uma pessoa de se adaptar aos valores e propósitos de uma empresa. 

“Realizar contratações com pessoas que estão fora desse “fit” ou que a empresa não tem a capacidade de incluí-la, não será algo produtivo para nenhum dos envolvidos e, infelizmente, o descontentamento será evidente em breve.”, finaliza. 

Fique por dentro de todas as novidades da EQL

Assine a EQL News e tenha acesso à newsletter da mulher independente emocional e financeiramente

Compartilhar a matéria:

×