BDRs: entenda o que são e como funcionam os recibos de depósito de ações estrangeiras

Ativos permitem que investidores apliquem em empresas internacionais sem ter que abrir conta fora do Brasil
JOB_03_REDES_SOCIAIS_EQL_AVATARES_QUADRADOS_PERFIL_v1-02
BDRs
BDRs dividem-se em dois grupos: patrocinados e não-patrocinados (Foto: EQL)

Para investir em empresas do exterior sem ter que abrir conta numa corretora estrangeira, uma das alternativas são os BDRs – sigla para Brazilian Depositary Receipts -, certificados que representam ações de companhias internacionais. Isso significa que quando um investidor adquire esse tipo de ativo está, na verdade, comprando um certificado que vale como um papel da corporação, mas não se configura como um. 

Mell Dilor, educadora financeira da Avenue Securities, esclarece que os certificados validam a existência das ações estrangeiras, que são compradas por um agente e, depois negociadas na bolsa brasileira em forma de recibos. “Na prática, um BDR é quando uma empresa intermediária, que chamamos de instituição depositária, compra a ação estrangeira e repassa para o cliente por meio desses recibos”, diz.

Esse é um investimento de renda variável, considerado de maior risco devido à volatilidade, e negociado na bolsa de valores brasileira, a B3. Assim como as ações, a remuneração dos BDRs é feita por meio de dividendos – lucro da empresa dividido entre os investidores – e pela venda dos papéis quando eles estão em alta. 

Apesar da similaridade com as ações, a analista de alocação e fundos da XP e educadora da Xpeed School, Clara Sodré, ressalta que os dois tipos de investimentos não devem ser confundidos. “A diferença entre eles é que, ao adquirir as ações, o investidor se torna sócio da empresa. Já no caso dos BDRs, isso não acontece”, afirma. 

Tipos de BDRs

Os BDRs são divididos em dois principais grupos: patrocinados e não patrocinados. Os primeiros são aqueles em que o maior interesse é da companhia emissora. “É aquele caso em que a empresa que abriu capital no exterior disponibiliza ativamente seu recibo no Brasil. Normalmente são companhias brasileiras que escolheram as bolsas norte-americanas para seus IPOs e, em seguida, repassaram suas ações aos clientes brasileiros em forma de recibo”, esclarece a especialista da Avenue Securities. 

Um exemplo dos certificados que se encaixam nessa categoria são os BDRs do Nubank. A fintech realizou a oferta inicial de ações – ou IPO – na bolsa de valores de Nova York, a NYSE, em dezembro  do ano de 2021 e, depois, disponibilizou os recibos na B3. 

Já nos BDRs não patrocinados, o interesse parte do agente intermediário, ou seja, a instituição depositária é que toma a iniciativa de disponibilizá-los no Brasil. Nesse caso, explica Mell, a companhia interessada vai ao país onde os papéis são emitidos, abre uma conta em uma custodiante, compra o ativo e o repassa para o investidor brasileiro em forma de recibo.

Vantagens e desvantagens dos BDRs

As principais vantagens de investir nos BDRs estão ligadas à facilidade em realizar aplicações no exterior e à exposição ao dólar, segundo Clara Sodré. Para a especialista, os ativos são uma maneira simples de garantir os investimentos em empresas internacionais, já que não é necessário abrir conta em uma instituição financeira de fora do país para adquirir os papéis. 

Além disso, ela acrescenta que há, ainda, um outro ponto positivo: a familiaridade do investidor com a operação, uma vez que ela é similar às aquisições de ações, por exemplo. “É mais simples porque o investidor pode apostar no exterior sem ter que lidar com uma série de processos operacionais e regulatórios de ativos alocados fora do Brasil. Outro aspecto vantajoso é que o investimento é feito numa moeda já conhecida do investidor, no cenário doméstico onde ele já está habituado e sem que seja necessário precisar pagar custos de câmbio, como seria o caso de uma aplicação feita diretamente em uma bolsa de valores estrangeira”, aponta.

Quanto à exposição ao dólar, Clara diz que esse fator possibilita maiores rendimentos, visto que a companhia à qual o BDR está atrelado pode distribuir dividendos e, nesse caso, os investidores recebem a remuneração em reais, mas os valores são calculados conforme alguma moeda estrangeira, como o dólar, por exemplo. 

LEIA MAIS:

Já as desvantagens estão relacionadas, principalmente, à liquidez – possibilidade de resgatar o valor investido no ativo – e aos dividendos, segundo Mell. Para a especialista, os BDRs podem ser difíceis de se desfazer, uma vez que a demanda por eles é menor do que a das ações, por exemplo. “Caso um investidor queira vender seu recibo, encontrará muito menos interessados do que encontraria caso possuísse a ação original”, afirma. 

Quanto aos dividendos, a educadora financeira destaca que, muitas vezes, eles são taxados em cerca de 4% ou 5% sobre o valor que o investidor receberá. Por isso, em um investimento de longo prazo, o montante retido pode se tornar expressivo. 

Além disso, os BDRs ainda estão sujeitos à volatilidade – oscilação dos preços do ativo -, assim como outros investimentos de renda variável. Portanto, ao adquirir esse produto financeiro, o investidor deve estar ciente de que pode estar sujeito à desvalorização. 

Como investir em BDRs

Depois de avaliar as características, vantagens e desvantagens dos ativos, é importante analisar se o perfil de investidor está alinhado ao tipo de investimento. Investidores conservadores, por exemplo, tendem a não suportar os riscos envolvidos em aplicações de renda variável. Sendo assim, produtos como os BDRs podem não ser indicados para pessoas que se incluem neste grupo. 

Além disso, também é essencial checar se a aplicação é adequada aos objetivos de cada um, que podem ser de curto, médio ou longo prazo. Nesse aspecto, os investidores devem se atentar a fatores como liquidez e rentabilidade. 

Assim que esses pontos já estiverem bem definidos, o próximo passo é começar os aportes. Para isso, é necessário ter conta aberta em um banco ou corretora que ofereça os BDRs de interesse do investidor. Caso ainda não tenha cadastro em nenhuma instituição financeira, o processo pode ser realizado facilmente na maioria das companhias por meio de suas plataformas online. 

Após a abertura, o investidor deve transferir a quantia que deseja aplicar para a conta da corretora ou banco. Depois, basta acessar a plataforma de negociação da instituição e buscar pelo código do BDR pretendido. Os últimos passos são indicar quantos papéis serão adquiridos e realizar a ordem de compra.

Impostos e taxas

O investimento em BDRs envolve algumas cobranças das instituições financeiras intermediadoras – além de serem tributados no imposto de renda. 

No primeiro grupo, as quantias a serem pagas se referem às taxas de custódia – pelo armazenamento dos ativos – e de corretagem – pela intermediação da operação. Vale destacar que, para ambas as tarifas, os valores variam conforme a empresa contratada, sendo que, em algumas instituições, elas podem não ser cobradas.

Já o imposto de renda incide sobre os rendimentos obtidos nas negociações e também sobre os dividendos. Veja, a seguir, como funciona a tributação:

  • Negociações do tipo swing trade, em que a compra e venda dos ativos é realizada em dias diferentes, a cobrança é de 15% sobre os rendimentos obtidos; 
  • Negociações de day trade, em que a compra e venda dos ativos é feita no mesmo dia, a cobrança é de 20% sobre os rendimentos obtidos. 

No caso dos dividendos, as cobranças variam entre zero e 27,5% e incidem sobre os valores acima de R$ 1.903,98. 

Fique por dentro de todas as novidades da EQL

Assine a EQL News e tenha acesso à newsletter da mulher independente emocional e financeiramente

Baixe gratuitamente a Planilha de Gastos Conscientes

Conheça a plataforma de educação financeira e emocional EQL Educar. Assine já!

Compartilhar a matéria:

×