Quando a sororidade encontra a tecnologia

Cada vez mais encontramos soluções online para problemas-comum que vivemos como mulheres e não comentamos: esse é o caso do aplicativo Plenapausa em parceria com a LinkFit
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Quantas lutas secretas enfrentam diariamente as mulheres? Lidar com as pressões da idade, as dores que ninguém comenta, os tabus relacionados à própria sexualidade. Por vezes, a impressão que ficamos é a de que, com o passar do tempo, mais e mais barreiras vão surgindo e, quando menos percebemos, acabamos presas em um cubículo com nossas próprias batalhas. Mas não precisa ser assim.

A verdade é que, apesar de sermos únicas e singulares, boa parte das mulheres enfrenta os mesmos problemas e questões ao longo da vida e simplesmente não falam sobre o assunto. Com o avanço da tecnologia e das redes sociais, esses nossos “tabus” femininos estão aos poucos sendo desmistificados, mas ainda há um longo caminho a se percorrer. A menstruação, por exemplo, que antes era vista como um ‘não-tópico’, cheia de pseudônimos e apelidos secretos para que homens ou pessoas de outros grupos não entendam literalmente sobre o que estávamos falando, aos poucos se torna um assunto-comum.

Hoje em dia, boa parte das meninas já estão mais informadas quando o primeiro ciclo se inicia, com aplicativos à disposição para aprender a entender o próprio corpo, a regularidade e os efeitos daquela transformação.

Claro que essa não é a realidade para todas, mas o fato é que as coisas estão começando a mudar, principalmente quando falamos sobre informações para meninas mais novas e jovens. Ainda no tópico menstruação, por exemplo, existem opções: basta dar um Google para encontrar reportagens com 5, 8, 10 diferentes aplicativos para saber regular seu ciclo. Está dando até para escolher!

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Quando falamos sobre outras mudanças do nosso corpo, no entanto, as opções não são tão vastas assim. Se formos parar para analisar, por exemplo, a menopausa é uma transformação tão grande quanto a primeira menstruação – se não ainda maior.

Dessa vez, em vez do possível estado de euforia por estar crescendo e se abrindo para um novo mundo de possibilidades, no entanto, a mulher enfrenta o estigma do envelhecimento. O corpo começa a mostrar que já não é mais o mesmo e lidar com isso pode ser assustador.

E, se todas as mulheres passam por isso e sentem dificuldades parecidas, por que o tema não é mais discutido? Por que não existem o mesmo número de possibilidades e informações disponíveis como existem com outros tipos de começos, como a própria menstruação?

Esses foram justamente alguns dos questionamentos feitos por Márcia Cunha, psicanalista, economista e fundadora da ‘Plenapausa’, a primeira femtech a promover informação solução e acolhimento para mulheres em menopausa, e Carla Moussalli, advogada, atleta, cofundadora da Plenapausa e CEO da LinkFit. Com essas e mais perguntas em mente, as duas empreendedoras resolveram inovar mais uma vez, e lançar um aplicativo feito especificamente para mulheres entrando na menopausa: o Plenapausa, desenvolvido em parceria com a LinkFit.

A ideia era conseguir trazer toda (ou pelo menos boa parte) da rede de apoio que essas mulheres não encontram por aí quando encerram seus ciclos menstruais. Para isso, a startup une rodas de conversa com a participação de especialistas da área da saúde, dicas de exercícios e um e-commerce com produtos para tornar essa transição o mais fácil o possível.

Informação que salva

Como toda a ideia, o aplicativo começou com pesquisas. Carla e Márcia, com alguns, conseguiram reunir uma boa base de dados e descobrir algumas semelhanças. “Nós percebemos, por exemplo, que 60% das mulheres não sabem relacionar os sintomas da menopausa com a menopausa em si. Então elas ficam muito tempo investigando cada um dos sintomas, mas não olham de fato para a menopausa e fazem essa ligação”, explica Márcia.

Ao olharem com cuidado para as dores e problemas, a dupla conseguiu chegar a uma lista de cinco sintomas que tinham tudo a ver com o período em que essas mulheres estavam passando. A partir daí, em janeiro de 2022, a femtech chegou ao mercado trazendo informação, acolhimento e soluções para ajudá-las no alívio dos sintomas, promovendo rodas online de conversas, trocas, estudos, descobertas e também soluções fitoterápicas para cada um dos sintomas identificados pelas avaliações.

Depois de um tempo, no entanto, elas começaram a olhar para um sexto sintoma, também muito presente e pouco falado: as dores articulares e musculares. Foi aí que ocorreu o desenvolvimento do aplicativo em parceria com a LinkFit, com a ideia de juntar tudo que o site tinha com ainda mais profissionais e uma rotina de exercícios pensada justamente para aliviar essas dores.

“Aí que veio realmente a ideia do aplicativo. Juntar o que a Plenapausa já tinha e o que a LinkFit também poderia agregar. Para olhar para esse sexto sintoma, mas também aproveitar uma oportunidade de mercado”, aponta a economista.

Muito além de exercícios, produtos e profissionais, a inovação surgiu com um propósito maior: tentar democratizar o acesso a informações relacionadas à menopausa. Exatamente um limbo que existia no mercado e na vida das mulheres.

Construindo comunidades

Desde o começo, a ideia da femtech era abraçar mesmo as mulheres que estão passando por essa fase da vida: trazer informações, soluções e trocas. Mas, como já falamos no começo deste texto, apesar de termos problemas e enfrentarmos dificuldades em comum, ainda somos únicas e contamos com as próprias dores e questões.

Pensando nisso, a ideia das empreendedoras era conseguir criar um atendimento personalizado, que tocasse nas dores de cada uma das mulheres, mas ao mesmo tempo criar esse senso de comunidade. Para isso, cada usuária conta com sua própria área, com exercícios pensados para ela e produtos recomendados para o próprio uso. Em paralelo, de tempos em tempos, essa mulher consegue entrar em rodas de conversa, que foi uma das ideias de sucesso da femtech, para trocar com outras que passam pela mesma coisa e ouvir o lado de especialistas.

“(Nesses encontros) Elas sempre começam com a câmera fechada. E aí vem a médica com introdução do tema, explicando o beabá, porque existem muitas dúvidas sobre sintomas e possíveis tratamentos. Aí abrimos para todos e, depois de um tempo, uma mulher abre a câmera e começa a falar sobre o que acha e a própria vivência. No final, normalmente já temos cerca de 20 e poucas mulheres ali com a câmera aberta aguardando a vez de falar. Para mim, isso é incrível. Porque elas se sentem realmente nesse lugar de estarem sendo reconhecidas, estar entre mulheres que estão passando pelo mesmo, independente do lugar do Brasil ou da classe social”, se anima Carla, descrevendo um pouco desses encontros.

Além de uma comunidade do lado de fora, dentro do aplicativo as duas acabaram criando uma comunidade própria de funcionários que trabalham diariamente para conseguir fazer todos esses produtos funcionarem. Afinal, por mais que ao vermos um aplicativo pensarmos logo em algo super tecnológico, a verdade é que é necessário muitas mãos humanas por trás para fazer tudo girar.

Hoje o aplicativo da Plenapausa em parceria com a LinkFit, conta com mais de 10 profissionais das mais diversas áreas para atender as necessidades das mulheres que entram nos programas. Por enquanto, todos esses profissionais e o operacional do aplicativo ainda estão contando muito com o investimento das duas, que arregaçaram as mangas para construir esse sonho. O objetivo, no entanto, é começar a abrir para investimento externo e aumentar a rede para conseguir chegar em uma horizontal de ‘zero a zero’, fazer o aplicativo primeiro conseguir se pagar por si só, para, a partir daí, pensar nas possibilidades de lucro.

Unindo forças para lutar juntas

Afinal, quantas lutas secretas enfrentam as mulheres diariamente? A resposta ainda não temos, certamente são muito mais do que podemos imaginar e contabilizar. O lado bom é que muitas delas são enfrentadas em conjunto, neste senso de sociedade, de características em comum.

Assim como aplicativos pensados na menstruação, como Flo, Clover, Clue, Maia, entre outros, cada qual com suas especificidades, a parceria Plenapausa e LinkFit vem exatamente com essa ideia de nos unirmos. Talvez seja a sororidade entrando no mercado e lojas online.

Afinal, em vez de nos fecharmos em cubículos com os próprios problemas e questões,quem sabe seja a hora de quebrar essas paredes que nos separam. Seja literalmente derrubando muros, ou apenas ligando a câmera para contar suas dores em uma sala online.

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