Quer comprar dólar? Especialistas afirmam que este é o momento ideal

A moeda norte-americana está sendo negociada nos menores patamares desde junho de 2021, mas as perspectivas são de alta nos próximos meses
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Yan Krukov/Pexels
O dólar já conta com uma desvalorização de 13,12% de janeiro até pregão desta segunda-feira (Foto: Yan Krukov/Pexels)

Desde que a pandemia de Covid-19 começou, há pouco mais de dois anos, o preço do dólar subiu expressivamente e chegou a encostar no patamar dos R$ 6 nos piores momentos da doença no Brasil e no mundo. Foram poucas as ocasiões, desde então, que a cotação da moeda norte-americana esteve abaixo da barreira dos R$ 5.

Nessas circunstâncias, uma dúvida comum entre as pessoas que planejam fazer uma viagem internacional é qual o momento mais oportuno para comprar dólar. Segundo os especialistas, o momento é agora, tendo em vista que, de janeiro até o pregão desta segunda-feira (21), quando fechou cotada a R$ 4,94, a moeda já conta com uma desvalorização de 13,12%.

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Essa foi a primeira vez que o dólar fechou cotado abaixo dos R$ 5 desde 30 de junho de 2021, quando bateu R$ 4,97. No entanto, as perspectivas não são tão positivas para o futuro da taxa de câmbio brasileira. Economistas e analistas ouvidas pela EQL afirmam que a tendência de baixa da moeda norte-americana não deve se manter por muito tempo.

É hora de comprar dólar?

De acordo com Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, esta é, sim, uma boa hora para comprar dólar, tendo em vista que é “extremamente difícil prever até quando esse movimento [de baixa] vai durar”. 

Em contrapartida, a economista ressalta que essa compra deve ser feita aos poucos, para aproveitar as oportunidades que surgem no mercado e evitar uma reversão brusca de tendência – ou seja, que o dólar dispare ou recue muito mais em um espaço curto de tempo.

Stefany Oliveira, chefe de análise de trading na Toro, concorda. “Quem tem certeza que vai viajar não pode ficar esperando a moeda ficar mais barata, já que o cenário atual é muito volátil. O que pode ser feito é comprar aos poucos, fazendo uma reserva para a viagem.”

Investimentos também podem proteger o dinheiro contra as oscilações

Rachel de Sá, chefe de economia da Rico, compartilha da mesma opinião e acrescenta que, se a viagem ainda não estiver tão próxima, há outras opções para não perder boas oportunidades com o preço do dólar. 

Ela explica que a pessoa que pretende viajar pode colocar o dinheiro que pretende usar para comprar dólar em um fundo de investimento cambial, que acompanha as movimentações da moeda norte-americana. Assim, se o dólar ficar muito mais caro, o dinheiro investido também vai se valorizar, possibilitando a compra da moeda estrangeira.

Vale lembrar que, apesar de o dólar comercial estar abaixo dos R$ 5 – às 11h40 de hoje (22) era negociado a R$ 4,93, praticamente estável -, é importante olhar também para a cotação do dólar turismo, calculada com base nas negociações do dólar comercial e a moeda usada por quem vai viajar. No atual patamar do dólar comercial, o dólar turismo no mesmo horário era vendido por cerca de R$ 5,10.

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Por que o dólar está caindo?

As especialistas explicam que o principal fator responsável pela apreciação do real frente ao dólar é o forte fluxo de capital estrangeiro entrando no Brasil, ou seja, os investidores internacionais estão colocando mais dinheiro no país. Carla destaca que o montante de recursos que entrou no Brasil nos primeiros meses de 2022 já é superior a todo o ano de 2021.

Esses recursos, por sua vez, estão chegando aqui por dois motivos: a elevação da Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, e a forte valorização das ações de empresas ligadas às commodities listadas na B3, a nossa bolsa de valores.

Juros mais altos atraem mais investidores

Na quarta-feira da semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou, uma vez mais, a Selic. A alta foi de 1%, levando a taxa ao nível de 11,75% ao ano, um patamar muito maior do que as taxas de juros praticadas em países desenvolvidos e, até mesmo, outras divisas emergentes.

Com os juros altos, a rentabilidade oferecida pelos títulos públicos e outros produtos da renda fixa brasileira também fica maior, já que a Selic serve como base para todas as taxas praticadas no mercado. 

Dessa forma, Stefany pontua que o prêmio dos investimentos brasileiros ficou mais atraente para o investidor estrangeiro, o que leva a uma maior demanda pelos títulos do país e à valorização do real frente ao dólar e a moedas de outros países.

Ações de empresas brasileiras estão mais atraentes

No segundo semestre de 2021, sobretudo nos últimos meses do ano, os ativos brasileiros passaram por um forte período de desvalorização em decorrência do cenário macroeconômico interno. 

A chefe de economia da Rico destaca que, naquele momento, o risco fiscal (chance de o governo ultrapassar o teto de gastos e não honrar com suas contas) pesou na percepção do mercado sobre os investimentos brasileiros.

Com isso, houve uma forte retirada de capital estrangeiro do Brasil e as ações listadas na B3 ficaram bastante descontadas, ou seja, mais baratas, e consequentemente mais atraentes para os investidores, que voltaram a buscar os papéis de companhias nacionais consideradas de qualidade, com boas perspectivas de geração de valor.

Guerra entre Rússia e Ucrânia

Além disso, o conflito armado entre Ucrânia e Rússia fez com que a oferta de algumas commodities importantes no mundo, sobretudo petróleo e cereais (como milho e trigo), fossem reduzidas, já que os dois países são importantes fornecedores desses produtos. 

Nesse sentido, Carla comenta que o Brasil e outros países da América do Sul estão sendo bastante procurados pelo restante do mundo porque são, também, fortes exportadores das mesmas commodities produzidas no Leste Europeu. 

Assim, as empresas brasileiras que exportam commodities estão passando por um período de forte valorização de suas ações, já que devem lucrar mais com a venda de seus produtos e o preço mais alto das commodities nos mercados internacionais, o que vem atraindo um forte fluxo de investidores, tanto nacionais quanto estrangeiros.

O dólar vai voltar a subir?

Embora os primeiros meses do ano tenham sido marcados pela entrada expressiva de capital estrangeiro no país, a economista-chefe da CM Capital acredita que a maior parte das aplicações que migraram para os países da América do Sul com o cenário de guerra já foram feitas.

Segundo Carla, como a tendência de investimentos por aqui provavelmente já atingiu seu pico, a perspectiva é que ocorra a reversão desse movimento de baixa do dólar em breve. “Se isso realmente acontecer, veremos a depreciação do real nos próximos meses”, aponta a economista.

Simultaneamente, Stefany ressalta que, já no próximo trimestre, o cenário eleitoral deve começar a ganhar mais notoriedade entre os investidores e analistas. Com as incertezas sobre os rumos da política brasileira, as perspectivas são de que as eleições pesem negativamente sobre o real e levem o dólar a voltar a subir. 

As especialistas consideram que a moeda norte-americana deve fechar o ano cotada entre R$ 5,20 e R$ 5,30.

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