Independência financeira x autonomia: entenda a diferença

Conceitos são essenciais para garantir liberdade e segurança para as mulheres
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Apesar de complementares, conceitos não são sinônimos (Foto: Unsplash)

Quando se fala sobre liberdade e emancipação feminina, termos como independência financeira e autonomia costumam aparecer como alguns dos atributos mais importantes conquistados pelas mulheres na modernidade. 

No entanto, engana-se quem pensa que os conceitos são sinônimos. Afinal, é possível encontrar pessoas que possuem dinheiro de sobra para mudar de vida a qualquer momento, mas não o fazem pelo sentimento contínuo de submissão a algo ou alguém. 

Dessa forma, fica claro que ambas as qualidades precisam andar juntas na hora de garantir um futuro estável e seguro para as mulheres. Não é atoa que quatro em cada dez empreendedoras brasileiras (40%) apontam a independência financeira como principal motivo para abrir o próprio negócio, segundo pesquisa feita pela Serasa Experia. 

De acordo com a educadora Rebeca Toyama, especialista em bem-estar financeiro, podem-se considerar financeiramente independentes aqueles cujo patrimônio seja o suficiente para bancar seu custo de vida até a morte, sem a necessidade de novos ganhos através de atividades profissionais. “Em um nível inicial, o termo também pode se referir a quem não necessita da ajuda de familiares ou parceiros para pagar as despesas”, explica.

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Por outro lado, a autonomia se relaciona com os aspectos psicológicos e de saúde mental, como destaca a psicóloga organizacional Edwiges Parra. “Entendemos que ela [a autonomia] é uma capacidade de poder estabelecer escolhas, tomar decisões, construir regras para si e para os outros”, afirma. Para que essa qualidade possa ser exercida de forma saudável, segundo a especialista, é necessário a ativação de algumas funções cognitivas, incluindo a atenção, percepção, memória e linguagem. “Só assim será possível uma leitura adequada da realidade e da situação, o que induzirá escolhas e estratégias melhores”, completa. 

Como se tornar uma mulher independente e autônoma

Para atingir as duas condições, o primeiro passo é partir do autoconhecimento. Isso porque, além de essencial para estabelecer metas financeiras, é ele que irá identificar valores e crenças  necessários para a tomada de decisões mais assertivas. 

Já em relação a independência econômica, a dica de Rebeca Toyama é traçar um planejamento com objetivos de curto, médio e longo prazo. “A mulher deve buscar um estilo de vida sustentável e alinhado com suas metas financeiras. Para isso, deve-se equilibrar receitas e despesas no momento presente para garantir qualidade de vida no futuro”, pontua. 

No caso da autonomia, uma das formas de desenvolver o atributo é a partir da adoção de uma postura mais direta em relação à vida, destaca Edwiges. Para isso, é recomendado que as mulheres busquem se aperfeiçoar tanto na carreira e vida profissional, quanto nas relações pessoais e na própria personalidade. 

“Nessa esfera, saber cuidar das finanças com responsabilidade é essencial, ainda mais nos dias atuais, já que ser dependente de outra pessoa pode despertar o sentimento de fragilidade e aceitação de coisas que não concorda”, explica ela. 

Segundo a especialista, entre os benefícios que podem ajudar na construção da autonomia estão: fortalecimento do senso de utilidade, autoconfiança, ganho de liberdade para tomar decisões, não se submeter a relacionamentos tóxicos, automotivação para evoluir cada vez mais e buscar relacionamentos por escolha – e não por necessidade.“Uma mulher que tem autonomia pode realizar e fazer o que ela deseja, gerando como resultado o sentimento de satisfação e plenitude”, explica a psicóloga. 

Ausência dessas qualidades pode ser perigoso 

Nesse contexto, a ausência de autonomia e independência financeira – principalmente a de nível inicial – podem configurar uma situação de risco para a liberdade feminina. De acordo com o Tribunal de Justiça, a cada quatro mulheres agredidas, uma não denuncia o agressor porque depende financeiramente dele. 

“A independência financeira traz consigo liberdade de escolha e apenas quando atingimos esse nível de qualidade de vida nos tornamos capazes de amar e ser amadas plenamente”, resume Rebeca. Além disso, a educadora destaca o papel do bem-estar financeiro  na maternidade e no casamento, por exemplo. “Ele é fundamental para nos dedicarmos a nossa carreira e propósito de vida”, completa.

No entanto, apesar do dinheiro ser um empoderador feminino, ela explica que isso não quer dizer que o companheiro, o empregador ou o sócio devam ser vistos como inimigos. “A essência feminina agrega e acolhe, não exclui, nem discrimina. Portanto, aqui vale ressaltar que o empoderamento feminino demanda interdependência, um passo além da independência seja no campo financeiro, profissional ou pessoal”, ressalta a especialista. 

Somado a isso, no momento atual, ter autonomia entra no contexto da sabedoria para a tomada de boas decisões – principalmente aquelas que exigem um nível de compreensão e análise maiores. “O mundo nos exige muito, recebemos muitos estímulos externos, tem muito mais variáveis de coisas que precisamos dar conta”, explica a psicóloga. 

Sendo assim, uma vez que a autonomia esteja comprometida, os riscos estão relacionados aos efeitos da alienação e falta de autoestima. O que, na prática, inclui a apatia em relação às próprias conquistas e a maior dificuldade para evoluir na carreira ou até mesmo na vida pessoal. Ou seja: a estagnação. 

“Se a mulher não conhece seus valores, não sabe sobre si mesma, não entende suas vulnerabilidades, os desafios da vida vão se tornando cada vez mais difíceis. Na era digital, não ter esse recurso é um risco muito grande”, conclui Edwiges. 

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