Elas lideram: 10 mulheres à frente de grandes negócios no Brasil

Com apenas 3,5% dos cargos de liderança do país, executivas destacam a longa jornada rumo à equidade de gênero
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Elas até podem ser maioria entre os empreendedores, mas, no comando das grandes empresas, as mulheres acabam ocupando uma fatia discreta do mercado. Segundo uma análise feita pela agência de governança corporativa BR Rating, apenas 3,5% das companhias brasileiras possuem CEOs do gênero feminino.

Ao contrário do que sugere o senso comum, esse número não é resultado de uma maior inclinação ou dedicação à vida doméstica por parte das mulheres. Um estudo promovido pela consultoria de carreira Robert Half em parceria com o Insper mostra que os níveis de motivação para liderança são praticamente os mesmos entre ambos os gêneros. Segundo a escala de um a sete utilizada no levantamento (onde um significa muito baixa e sete muito alta), os homens possuem o desejo de liderar um negócio na faixa de 5,49, enquanto as mulheres estão no patamar de 5. 

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Na visão de Ana Karina Bortoni Dias, CEO do banco BMG e uma das raras representantes femininas na alta liderança do segmento bancário no país, a representatividade só deve aumentar quando as empresas estiverem dispostas a mudar a cultura de dentro para fora. “É fundamental que elas ouçam os seus colaboradores e fomentem a troca de ideias e o diálogo para que o tema seja entendido, suportado e replicado por todos”, explica. 

Em relação a isso, a pesquisa da BR Rating sugere que o desfalque nas lideranças femininas é um problema que contempla toda a hierarquia corporativa. No total, apenas 16% dos cargos de diretoria de empresas e 19% dos de gerência são ocupados por mulheres. Se levadas em consideração todas as cadeiras C-Level do país, elas só chegam a ocupar 23% do total, segundo o estudo. 

O problema da desigualdade de gênero no alto comando ultrapassa questões de carreira ou mercado, como explica Erika Medici, CEO da seguradora AXA Brasil. Para a executiva, quem acaba sofrendo com as consequências da falta de diversidade é o público, cujos interesses e necessidades não são plenamente atendidos. “Parece até óbvio dizer que ter pessoas de diferentes gêneros, cores e orientações sexuais é algo importante para qualquer companhia, já que o próprio consumidor também é diverso. Nesse sentido, acredito que ter uma mulher na liderança seja relevante para a construção de um futuro mais complementar”, afirma. 

De olho na representatividade feminina no comando, a Elas Que Lucrem selecionou 10 mulheres que estão à frente de grandes negócios no Brasil. Veja, a seguir, quem são elas:

Ana Karina Bortoni Dias

  Ana Karina Bortoni Dias (Foto: Divulgação)

Quando assumiu a presidência do banco BMG em 2020,  Ana Karina Bortoni Dias se tornou a primeira mulher a ocupar a presidência de uma instituição desse tipo na história do Brasil – e também uma das primeiras no mundo. A executiva, no entanto, caiu de paraquedas no meio financeiro Bacharel em química, Ana estudou por quase uma década para se tornar cientista. Foi só depois de ingressar na consultoria McKinsey, onde atuou por dois anos e foi sócia por oito, que a sua carreira mudou. A partir daí, cresceu seu interesse em atuar com algo mais tangível à sociedade. 

Devido ao caráter pioneiro da sua presença na diretoria de um banco, a executiva faz questão de refletir a diversidade em sua organização a partir da criação de programas de inclusão e políticas de equidade, como a licença-paternidade. “Diversos estudos apontam que empresas que possuem um ambiente mais pluralizado tendem a ter resultados mais sustentáveis e tomadas de decisões mais precisas”, afirma. 

No topo do seu setor, Ana destaca que as mulheres possuem desafios diários para serem superados, mesmo que de modo implícito. Segundo ela, a necessidade de se provar uma profissional competente a cada hora faz parte de um problema estrutural. “É uma questão cultural na sociedade e que precisa ser constantemente revisitada para que realmente alcancemos um dia a equidade de gênero”, diz.   

Andrea Seibel

Andrea Seibel (Foto: Divulgação)

Desde 2012, Andrea Seibel é a CEO da Leo Madeiras, uma das maiores distribuidoras de insumos para marcenarias e indústrias de móveis do país. À frente dos negócios da rede, a executiva lidera, ao todo, 111 lojas em 24 estados do Brasil, contando com uma equipe de 3.000 profissionais e quase 15 mil produtos no portfólio. 

Além de implementar um modelo de gestão responsável pelo crescimento significativo da empresa nos últimos anos, Andrea é uma das idealizadoras do Leo Social, entidade que promove capacitação em marcenaria para jovens em situação de vulnerabilidade social. 

Chieko Aoki

Chieko Aoki (Foto: Divulgação)

Aos 73 anos, Chieko Aoki é CEO e fundadora de uma das maiores cadeias hoteleiras do Brasil, a Blue Tree Hotels. Nascida no Japão e naturalizada brasileira, a executiva resolveu se dedicar ao empreendedorismo após uma reviravolta em sua vida pessoal. Na época, nos anos 1990, seu marido, John Aoki, sofreu um AVC que o deixaria com sequelas até a morte, enquanto sua empresa, a Aoki Corporation, estava à beira da falência. Foi nesse cenário que Chieko decidiu se colocar à frente dos negócios e fundar a própria bandeira de hospedagem. 

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Conhecida como a “dama da hotelaria”, Chieko atualmente lidera uma cadeia com 23 unidades em 17 cidades e mais de 4.000 apartamentos. Ao lado de Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza, a presidente do Blue Tree Hotels também é uma das fundadoras do Grupo Mulheres do Brasil, organização que promove a liderança feminina. 

Cleusa Maria da Silva

Cleusa Maria da Silva (Foto: Divulgação)

De boia-fria a empresária de sucesso, Cleusa Maria da Silva é fundadora e CEO da Sodiê Doces. Sua trajetória – tanto a pessoal quanto a  profissional – já rendeu tema de novela das oito. “A Dona do Pedaço”, exibida pela rede Globo, foi inspirada em sua história. De família humilde, a paulistana começou a empreender do zero em um imóvel de 20 metros quadrados, realizando as entregas dos bolos a pé. Ao todo, desde a criação da marca, em 1997, até o surgimento das franquias, uma década mais tarde, foram anos de aprimoramento das receitas e até de cursos de administração. 

Atualmente, a Sodiê possui mais de 340 lojas abertas no Brasil e duas unidades em Orlando, nos Estados Unidos. Para Cleusa, parte do seu êxito é fruto de habilidades femininas que ela faz questão de destacar. “A mulher tem um olhar amplo sobre as questões interpessoais, tem o dom de puxar para si a equipe, de colocar todos debaixo dos braços, de fazer ‘mil coisas’ ao mesmo tempo, além de perceber cada funcionário na sua individualidade”, afirma. 

Ao pensar na própria história, a empresária ainda cita a sobrecarga de funções atribuídas às mulheres, seja no trabalho ou em casa. Segundo ela, o maior desafio feminino é conquistar o respeito sem a necessidade de se reafirmar o tempo todo. “As mulheres têm jornadas múltiplas e se desdobram em 30 para dar conta de todos os setores da vida. Além disso, ainda enfrentam o preconceito, tendo que provar a todo momento sua competência naquilo que exercem”, completa.

Cristina Andriotti

Cristina Andriotti (Foto: Divulgação)

Cristina Andriotti é a mulher por trás da Ambipar Enviroment, pioneira de gestão ambiental no país. Em julho de 2020, a CEO foi a responsável por comandar o IPO da companhia, consolidando-a como a primeira do segmento a entrar na bolsa de valores brasileira. Antes disso, no entanto, a executiva já acumulava 12 anos de experiência na casa, chegando a ocupar o posto de diretora de serviços.  

A executiva, que tem uma equipe de mais de 5.000 colaboradores, também participou de mais de 30 aquisições, além de comandar as operações do grupo em 16 países espalhados pelos cinco continentes. 

Cristina Junqueira

Cristina Junqueira (Foto: Divulgação)

À frente do banco mais valioso da América Latina, Cristina Junqueira é cofundadora do Nubank. Na época da criação da fintech, em 2013, a executiva se juntou ao engenheiro colombiano David Vélez para tirar do papel a ideia de uma instituição financeira 100% digital. Sete anos depois, a startup conta com 48 milhões de clientes cadastrados. 

Aos 39 anos, a executiva se tornou a segunda mulher self-made mais rica do Brasil, atrás apenas de Luiza Trajano. No último ano, também chegou a ingressar na seleta lista dos bilionários brasileiros, além de ocupar o 2o lugar no ranking global das mulheres mais importantes do mercado de fintechs segundo a revista britânica “FinTech Magazine”. 

Grávida do terceiro filho, a executiva é referência constante para mulheres que querem alcançar o êxito como mães e profissionais. 

Erika Medici

Erika Medici (Foto: Divulgação)

Entre as mulheres que lideram o mercado de seguros nacional, Erika Medici é uma referência. CEO da AXA Brasil, a executiva atua no segmento há mais de 15 anos, tendo uma carreira consolidada também na SulAmérica, onde chegou a ocupar a cadeira de superintendente executiva. Um ano após assumir o comando das operações brasileiras da seguradora, a economista recebeu o prêmio “CEO Destaque 2021”, da Associação Sou Segura, em homenagem aos seus esforços para aumentar a equidade de gênero do setor. 

Para isso, Erika conta que garantiu a formação de espaços receptivos e acolhedores para todos, usando a própria experiência como régua para as ações internas da companhia. “No meu caso, como a presença masculina era majoritária em reuniões, eu acabava tendo mais dificuldade de me inserir por não estar contextualizada com os assuntos e as preferências deles. Assim, eu considero importante a criação de ambientes onde todos podem participar das discussões e agregar com o seu valor”, aponta. 

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Em relação a sua carreira, Erika define que a maior dificuldade que  encontrou como mulher foi a própria exigência. “Essa questão do gênero me trouxe uma régua sempre muito alta, em relação aos meus objetivos e o desejo de superar as expectativas”, explica.

Veja a entrevista com Erika Medici:

Mirele Mautschke

Mirele Mautschke (Foto: Divulgação)

À frente da operação brasileira de uma das maiores empresas de logística do mundo, Mirele Mautschke é a atual CEO da DHL Express Brasil. Natural de Jundiaí, no interior de São Paulo, a executiva acabou se formando em engenharia de materiais por se identificar com a área de exatas. Nessa mesma época, chegou a dar aulas de dança para ajudar com as despesas dos estudos. 

Não passou muito tempo até que Mirele ingressasse na DHL – no total, já são quase 15 anos  de casa.  Nesse período, a executiva percorreu diversas posições até alcançar a liderança, incluindo funções de coordenadora, gerente e diretora de operações. 

Renata Campos

Renata Campos (Foto: Divulgação)

Há mais de 16 anos na Takeda Brasil, Renata Campos é a atual CEO da farmacêutica japonesa em território nacional. Com experiência nos escritórios da Argentina e Turquia, a executiva lidera cerca de 1.100 funcionários na operação brasileira da multinacional. Sob seu comando, a companhia foi considerada uma das 70 melhores empresas do país para as mulheres trabalharem, segundo a consultoria GPTW.

Com um olhar voltado à diversidade, Renata foi responsável por formar grupos de afinidade para promover o tema no ambiente interno da companhia. Assim, estabeleceu licença-paternidade para os colaboradores e fez com que 46% dos cargos de liderança da subsidiária fossem ocupados por mulheres. 

Tânia Cosentino

Tânia Cosentino (Foto: Divulgação)

Segundo pesquisa do Boston Consulting Group, apenas 9% dos CEOs de empresas de tecnologia do mundo são mulheres. No Brasil, uma delas é Tânia Cosentino, executiva à frente da Microsoft Brasil. No mercado de trabalho desde os 16 anos, a paulistana permaneceu por duas décadas na multinacional francesa Schneider Electric até assumir a direção da fabricante de softwares no país. 

Integrante do HeForShe, programa de igualdade de gênero da Organização das Nações Unidas (ONU), Tânia criou sob sua gestão o Women Entrepreneurship (WE), programa que tem o objetivo de estimular o empreendedorismo feminino por meio da aceleração de startups selecionadas. Durante a carreira, a executiva também foi eleita Mulher Líder Global pelo Women in Tech Brazil.

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